O América Futebol Clube deu um passo decisivo rumo à sua primeira final na Copa do Brasil Sub-20. Na tarde de quarta-feira, 26 de novembro de 2025, os Meninos do Deca venceram o Instituto de Administração e Pesquisas Educacionais do Maranhão (IAPE-MA) por 1 a 0, na Arena MRV, em Belo Horizonte. O único gol saiu aos 4 minutos do segundo tempo — e foi suficiente. O time mineiro, comandado por um técnico que prioriza posse e pressão alta, dominou o jogo inteiro, mas só encontrou o caminho do gol quando o IAPE-MA começou a ceder espaço. Agora, tudo o que precisam fazer é não perder por dois gols de diferença no jogo de volta, na próxima quarta-feira, 3 de dezembro, no Castelão, em São Luís.
Domínio total, mas gol tardio
O América entrou em campo com a intenção clara de controlar o jogo. A média de posse de bola foi de 68% — quase o dobro do IAPE-MA. Os volantes Thiago Mendes e Lucas Almeida costuraram o meio-campo com precisão, enquanto os laterais Guilherme Souza e Rafael Viana se lançavam com frequência. O problema? A defesa maranhense, organizada como um muro, não deixava espaços. O técnico do IAPE-MA, Carlos Eduardo, montou uma formação 5-4-1 que parecia feita à medida para anular o estilo ofensivo mineiro. A primeira etapa foi um jogo de paciência: chutes de fora da área, escanteios desperdiçados, bolas na trave. O público da Arena MRV, cerca de 12.500 pessoas, torcia em silêncio, ansioso por um gol que parecia não vir.Até que, aos 4 minutos do segundo tempo, tudo mudou. Uma bola levantada da direita por João Vitor, jovem ponta de 18 anos, foi desviada por um zagueiro maranhense — e caiu nos pés de Lucas Lopes, centroavante de 19 anos que já havia marcado três gols na fase anterior. Ele não hesitou. Um toque suave, de primeira, e a bola entrou no canto superior direito do goleiro Diego Santos. O estádio explodiu. Foi o primeiro gol sofrido pelo IAPE-MA em 270 minutos de jogo na competição. A torcida mineira, que já conhece bem a tradição de viradas e conquistas do clube fundado em 1912, sentiu que a final estava ao alcance.
O desafio do IAPE-MA: um milagre no Castelão
O IAPE-MA, entidade vinculada ao governo do Maranhão e que atua como centro de formação esportiva e educacional, nunca havia chegado tão longe na Copa do Brasil Sub-20. A equipe, formada por jovens de escolas públicas e centros de treinamento estaduais, é um exemplo raro de futebol de base sustentado por políticas públicas. Mas agora, precisam de um milagre. Para avançar direto à final, precisam vencer por 2 a 0 ou 3 a 1. Um empate por 1 a 1 leva à disputa por pênaltis — e o América, com sua experiência em cobranças, tem vantagem psicológica. Ainda mais se lembrarmos que o Castelão, com seus 70 mil lugares, será um caldeirão. O clima em São Luís é quente, úmido — e o time maranhense, acostumado a jogar nesse ambiente, terá a vantagem do clima."Nós sabemos que é difícil, mas não impossível", disse Carlos Eduardo após o jogo. "O América é forte, mas o futebol é feito de momentos. Se a nossa garotada acreditar, podemos fazer história." O técnico, que já levou o IAPE-MA ao título estadual em 2024, não esconde o orgulho: "Esses garotos não têm estrutura de grandes clubes. Mas têm coração. E isso, às vezes, vence tudo."
América busca o primeiro título da categoria
O América Futebol Clube, um dos clubes mais antigos do Brasil, já venceu seis campeonatos mineiros e um Brasileirão, mas nunca conquistou a Copa do Brasil Sub-20 — criada em 2006. A competição tem sido dominada por clubes como Corinthians, São Paulo, Flamengo e Atlético Mineiro. Mas este ano, os Meninos do Deca parecem diferentes. Têm equilíbrio, disciplina tática e jogadores com potencial para o profissional. Lucas Lopes, autor do gol, já tem propostas de clubes europeus. Thiago Mendes, o volante, é considerado pela CBF como um dos 10 melhores jovens do país. Se chegarem à final, o clube pode não só conquistar seu primeiro título na categoria, mas também dar um salto na sua política de formação de atletas.O que está em jogo além do título
O jogo de volta não é só sobre uma vaga na final. É sobre o futuro do futebol brasileiro. O IAPE-MA representa o que o futebol de base pode ser quando o poder público investe. Já o América é o modelo tradicional, com estrutura, academias e patrocínios. O confronto entre eles é um espelho da desigualdade — e da possibilidade de superação. Se o IAPE-MA avançar, será uma vitória para o interior do Nordeste. Se o América avançar, será uma vitória para a tradição mineira. Ambos têm algo em comum: os jogadores têm entre 17 e 20 anos. E todos sonham em ser profissionais.
Próximos passos
O jogo de volta acontece na próxima quarta-feira, 3 de dezembro de 2025, às 15h30 (horário de Brasília), no Castelão. A arbitragem será comandada por Carlos Henrique de Oliveira, da CBF, que já apitou duas finais da categoria nos últimos três anos. A transmissão será pela TV Brasil e pelo canal da CBF no YouTube. A expectativa é de público acima de 60 mil pessoas no estádio — um recorde para uma semifinal da categoria.Enquanto isso, a outra semifinal entre Atlético Mineiro e São Paulo Futebol Clube ainda não teve seu resultado divulgado. Mas já se sabe que o vencedor enfrentará o América ou o IAPE-MA na decisão, marcada para 10 de dezembro, em local ainda a ser definido.
Frequently Asked Questions
Como funciona o critério de classificação na semifinal da Copa do Brasil Sub-20?
A classificação segue o sistema de ida e volta. O time com maior saldo de gols avança. Em caso de empate no agregado, prevalece o gol fora de casa. Se ainda houver empate, a decisão vai para os pênaltis. O América, por vencer por 1 a 0 em casa, tem vantagem: basta empatar ou vencer no Castelão. Já o IAPE-MA precisa vencer por dois gols de diferença para evitar os pênaltis.
Quem é o IAPE-MA e por que ele é tão forte?
O Instituto de Administração e Pesquisas Educacionais do Maranhão é uma entidade pública que combina educação e esporte. Sua equipe Sub-20 é formada por jovens de escolas estaduais, sem estrutura de grandes clubes, mas com treinamento intensivo e apoio do governo. Em 2024, venceu o Campeonato Maranhense Sub-20 e eliminou times tradicionais como Ceará e Paysandu na Copa do Brasil. É uma das maiores surpresas da competição.
O América já chegou a uma final da Copa do Brasil Sub-20 antes?
Nunca. A competição foi criada em 2006, e o América nunca passou da semifinal. Em 2019, foi eliminado pelo São Paulo nos pênaltis. Agora, com uma geração talentosa e um técnico experiente, o clube tem a melhor chance da história. O título seria o primeiro da categoria para o clube centenário, reforçando sua posição como referência na formação de jovens jogadores.
Qual a importância do Castelão para este jogo?
O Estádio Castelão, em São Luís, é o maior do Norte-Nordeste, com capacidade para 70 mil pessoas. É um caldeirão quando o IAPE-MA joga, especialmente em jogos importantes. O clima úmido e quente, a torcida barulhenta e a familiaridade dos jogadores com o gramado dão ao time da casa uma vantagem real. Para o América, será o primeiro jogo fora de Minas Gerais na competição — e a pressão será enorme.
Quem são os principais jogadores a serem observados no jogo de volta?
No América, o centroavante Lucas Lopes, autor do gol, e o volante Thiago Mendes são os principais. No IAPE-MA, o meia João Pedro, que já foi convocado para a seleção brasileira sub-20, e o goleiro Diego Santos, que tem seis jogos sem sofrer gols, serão decisivos. Também vale observar o lateral esquerdo Samuel Costa, que marca gols de escanteio — e pode ser a chave para uma virada.
O que isso significa para o futuro do futebol brasileiro?
Este confronto mostra duas realidades: o modelo tradicional de clubes com estrutura e o modelo público de formação. Se o IAPE-MA avançar, será um sinal de que o investimento público em esporte de base pode gerar resultados. Se o América vencer, será a confirmação de que o modelo privado ainda domina. Mas ambos representam o futuro: jovens talentos que, independentemente da origem, merecem espaço. A final da Copa do Brasil Sub-20 pode ser um marco na democratização do futebol brasileiro.
nov 29, 2025 — Mateus Costa diz :
Essa vitória do América é mais do que um gol, é um símbolo. O futebol de base brasileiro tá vivendo um momento único, e esse confronto entre o modelo público e o privado é o que a gente precisa ver mais vezes. 🙌🔥