set 19 2025

Libertadores 2025: oitavas de final têm clássico brasileiro e rota marcada até Lima

Marcelo Henrique
Libertadores 2025: oitavas de final têm clássico brasileiro e rota marcada até Lima

Autor:

Marcelo Henrique

Data:

set 19 2025

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Quem avançou e como ficou o chaveamento

O mapa do mata-mata está traçado. A fase de grupos chegou ao fim e a Libertadores 2025 já conhece os 16 sobreviventes que vão disputar, a partir de agosto, um lugar entre os gigantes do continente. O sorteio das oitavas, realizado em Luque, no Paraguai, no dia 2 de junho e transmitido ao vivo, não economizou em histórias: teve clássico nacional, reencontros e viagens longas que já fazem os técnicos puxarem o caderno de logística.

O Brasil aparece como o país mais representado, com seis clubes: Palmeiras, São Paulo, Internacional, Botafogo, Flamengo e Fortaleza. Bahia foi o único eliminado na fase de grupos, cenário que reforça a força recente dos brasileiros no torneio. A Argentina vem na sequência com quatro nomes de peso — Racing, River Plate, Estudiantes e Vélez Sarsfield. O Paraguai emplacou dois — Libertad e Cerro Porteño — e o bloco se completa com representantes de Equador (LDU Quito), Uruguai (Peñarol), Colômbia (Atlético Nacional) e Peru (Universitario). No total, são sete países no tabuleiro das oitavas.

Como manda o regulamento, os 16 classificados foram distribuídos em dois potes, com líderes de grupo enfrentando os segundos colocados. A vantagem de decidir em casa no jogo de volta ficou com quem fez melhor campanha na fase de grupos. Esse benefício conta — e muito — em confrontos que tendem a ser equilibrados e definidos no detalhe.

Entre os duelos que mais chamam atenção, o sorteio entregou um confronto inteiro em verde e amarelo: Flamengo x Internacional. O peso das camisas e a rivalidade nacional colocam o mata-mata em outro patamar, com Maracanã e Beira-Rio como palcos de noites grandes. Além disso, o Palmeiras enfrenta o Universitario, do Peru; o São Paulo mede forças com o Atlético Nacional, da Colômbia; o Botafogo encara a LDU, de Quito; e o Fortaleza desafia o Vélez Sarsfield, tradicional argentino.

Alguns cruzamentos não foram divulgados publicamente na mesma hora, mas a base do chaveamento já desenha possíveis caminhos. Quem avançar carregará a vantagem do mando conforme a campanha geral permitir, e os estilos de jogo de cada país prometem duelos bem distintos: intensidade dos brasileiros, jogo posicional de argentinos, combatividade paraguaia, altitude equatoriana e a bola aérea uruguaia ainda têm muito a dizer.

  • Brasil (6): Palmeiras, São Paulo, Internacional, Botafogo, Flamengo, Fortaleza
  • Argentina (4): Racing, River Plate, Estudiantes, Vélez Sarsfield
  • Paraguai (2): Libertad, Cerro Porteño
  • Equador (1): LDU Quito
  • Uruguai (1): Peñarol
  • Colômbia (1): Atlético Nacional
  • Peru (1): Universitario

O calendário encaixa as oitavas entre 13 e 20 de agosto, logo após o Mundial de Clubes da FIFA nos Estados Unidos. O intervalo ajuda a equalizar a preparação, já que muitos elencos vão atravessar uma janela de transferências agitada. O recado é claro: quem manter a espinha dorsal e ajustar as peças terá vantagem logo de cara.

Nos confrontos envolvendo brasileiros, os elementos táticos e logísticos pesam. Contra o Universitario, o Palmeiras deve encarar um rival organizado, que tem em Lima um ambiente hostil, mas sem o fator altitude. Em São Paulo x Atlético Nacional, o histórico recente dos colombianos em competições continentais pede respeito: time copeiro, forte no jogo de transição e com apoio maciço em Medellín. O Botafogo, por sua vez, terá de domar a altitude de Quito (quase 2.800 metros) diante da LDU, clube acostumado a se impor física e mentalmente em casa. Para o Fortaleza, a ida a Buenos Aires contra o Vélez traz um choque de estilos: intensidade nordestina versus jogo argentino mais cadenciado e competitivo. E Flamengo x Internacional fala por si: ambiente pesado, duas torcidas gigantes e um confronto que costuma girar em detalhes como bola parada e controle emocional.

Entre os argentinos, River Plate, Racing e Estudiantes chegam com a aura de quem conhece cada atalho da competição. O Vélez, apesar de não viver sempre o auge, sabe jogar mata-mata e costuma ser duro mesmo fora de casa. Do lado paraguaio, Libertad e Cerro Porteño representam o típico jogo físico e coletivo que costuma incomodar favoritos. Peñarol, do Uruguai, carrega camisa pesadíssima e, quando embala, dá trabalho a qualquer um.

O sorteio reforça um traço central da competição: equilíbrio. O número de países diferentes nas oitavas confirma que ninguém caminha sozinho. Brasil e Argentina seguem como eixos, mas Paraguai, Equador, Uruguai, Colômbia e Peru têm projetos competitivos o bastante para travar séries que não se resolvem no primeiro tempo do jogo de ida.

Calendário, regras e bastidores

Calendário, regras e bastidores

As oitavas serão disputadas em ida e volta, com o mando do segundo jogo para quem teve melhor desempenho na fase de grupos. A Conmebol aboliu a regra do gol fora de casa em 2022: se a soma dos placares terminar empatada, a decisão vai direto para os pênaltis — sem prorrogação — até a final única, que pode ter tempo extra. Isso muda a gestão do risco: vale mais controlar o jogo em casa e não se expor tanto fora, porque um gol sofrido não “vale por dois”.

Os árbitros de vídeo seguem presentes desde o início do mata-mata, com checagens para lances capitais: gols, pênaltis, cartões vermelhos e identificação de jogadores. O protocolo é rígido e tende a deixar a partida mais fragmentada em momentos-chave, mas reduz erros decisivos. Para elencos experientes, a leitura de quando acelerar ou esfriar o jogo ganha peso.

O período entre o fim da fase de grupos e o início das oitavas coincide com janelas de transferência na Europa e no Brasil. Muitos clubes planejam reposições cirúrgicas — um zagueiro mais rápido para segurar transições, um meia capaz de quebrar linhas, um ponta de profundidade para jogo grande fora de casa. As listas de inscritos serão atualizadas dentro do prazo regulamentar, abrindo espaço para reforços pontuais e ajustes no elenco.

Financeiramente, o mata-mata coloca combustível no tanque. A Conmebol tem aumentado as premiações ao longo dos anos, com bônus por vitória na fase de grupos e cotas maiores a cada avanço. Isso afeta diretamente a capacidade de investimento: chegar às quartas ou semifinais muitas vezes significa fechar a conta da temporada com fôlego, segurar uma promessa por mais seis meses ou trazer um nome de impacto para a reta final.

Olhando para o gramado, os duelos oferecem recortes interessantes. Contra a LDU, o Botafogo precisa gerenciar intensidade nos primeiros 20 minutos em Quito e trabalhar bem a bola parada ofensiva, arma que costuma anular parte do efeito altitude. O São Paulo, diante do Atlético Nacional, pode explorar posse de bola longa para tirar o rival da zona de conforto e evitar transições. O Fortaleza, com seu jogo vertical, tem chance de machucar o Vélez atacando o espaço nas costas dos laterais. O Palmeiras, acostumado a controle e pressão alta coordenada, tende a encontrar um Universitario compacto; paciência e circulação rápida entre linhas devem ser o caminho.

Flamengo x Internacional vem com camadas extras. Um elenco que gosta da bola, triangulações curtas e jogo apoiado contra uma equipe que costuma competir com linhas bem ajustadas e força em bolas cruzadas. Esse choque pede atenção nas zonas laterais e nos duelos individuais. Quem vencer mais divididas e proteger melhor a entrada da área, normalmente, leva vantagem em séries desse tipo.

Os argentinos seguem fiéis à cartilha do mata-mata: leitura fria, bola parada treinada à exaustão e controle emocional. River e Racing dominam o jogo por baixo quando precisam, mas não hesitam em transformar a partida em uma disputa física no meio-campo. Estudiantes, especialista em copas, cresce quando o ambiente aperta. Em resumo: margens de erro mínimas.

A logística também pesa. Rotas longas e mudanças de clima fazem diferença em semanas com jogo domingo-quarta-domingo. Fortaleza para Buenos Aires é uma viagem extensa; Quito exige adaptação respiratória e ajuste de carga; Medellín tem uma altitude média que pede cuidado, embora menor que a de Quito; Lima traz umidade e gramados que alternam intensidade. Preparadores físicos e analistas de desempenho entram em campo tanto quanto os pontas e os volantes.

O recorte tático do continente mostra tendências que devem aparecer já nas oitavas: pressão alta coordenada dos brasileiros mais organizados, linhas médias e compactas de argentinos e paraguaios, variações com três zagueiros para espelhar o adversário e tirar vantagem em bolas paradas. Quem dominar o jogo sem a bola e souber quando acelerar deve se impor.

A final está marcada para 29 de novembro, em Lima, no Peru. A Conmebol ainda vai anunciar o estádio, mas a escolha da capital peruana mantém a política de rodízio geográfico e busca um ambiente de festa com acesso para torcedores de vários países. Como o jogo único decide tudo, a construção do caminho até lá exige mais do que bom futebol: gerenciamento de elenco, leitura de cenário e tranquilidade para suportar pressão fora de casa.

Antes disso, a sequência é clara: oitavas em agosto, quartas entre setembro e início de outubro, semifinais em outubro. Quem for longe vai conciliar campeonato nacional, copas locais e a própria Libertadores. A rotação de elenco e o uso inteligente do banco, com cinco substituições, tendem a ser determinantes para manter intensidade sem abrir mão de competitividade.

Enquanto as planilhas táticas correm e os bastidores fervem, a torcida já faz a sua parte. Voo comprado, hotel reservado, superstição em dia. Cada clube chega às oitavas com um enredo próprio: uns para confirmar favoritismo, outros para surpreender, todos com a mesma ideia fixa — sobreviver mais 180 minutos. Quatro vitórias separam qualquer um da glória. E, como o continente aprendeu tantas vezes, a Libertadores não perdoa descuido: quem pisca, cai.

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